segunda-feira, 26 de abril de 2010

O Segredo dos seus Olhos: Oscar de melhor filme estrangeiro




Eu já havia visto "O Filho da Noiva" e "Clube da Lua", filmes anteriores do cineasta Juan José Campanella. Lembro de ter gostado de ambos os filmes, especialmente do primeiro, que muito me emocionou.

Com um belo referencial em mãos, não poderia deixar de assistir ao filme "O Segredo dos seus Olhos", mas demorei um pouco a fazê-lo. Uma amiga já havia assistido e ainda me deixou com mais água na boca, em função dos comentários feitos.

O filme se passa em duas épocas. Na primeira, datada de 1974, nos deparamos com um estupro seguido de assassinato. Este crime choca e perturba Benjamin Espósito, oficial de Justiça. Seu maior desejo se torna capturar o criminoso.

A outra época, 25 anos depois, nos mostra o mesmo Benjamin, agora aposentado, escrevendo um livro sobre a tragédia ocorrida em 1974.

Temos, de um lado, a trama que envolve a perseguição ao criminoso. A dedicação do marido da moça assassinada nos dá a nítida sensação de que a sua vida não prosseguiu após o terrível crime. O seu objetivo de vida tornou-se um só: achar o criminoso e vê-lo passar o resto de seus dias em prisão perpétua.

De outro lado, vemos a dificuldade que Benjamin Espósito tem de se relacionar afetivamente. Em uma cena, no meio da noite, ele acorda e escreve a palavra "Temo" em um pedaço de papel. É apaixonado por sua chefe, mas não tem coragem de se declarar. Ela também nutre um especial sentimento por ele, mas como ele não toma nenhuma iniciativa, ela acaba noivando, se casando e tendo filhos com outro homem. Isso se dá lá em 1974.

Um reencontro ocorre 25 anos depois. Ficamos sabendo que ele se casou, mas não teve êxito no matrimônio. Percebemos que a agora ex-chefe permanece casada, mas não está feliz nessa relação. Ele resolve lutar por aquilo que tanto quis. E a forma como isso é feito é simplesmente sensacional! Uma dica: tem a ver com o tal papel, no qual encontra-se a palavra "Temo".

O final do filme é surpreendente por ser inesperado! Não vou estragar a surpresa. Afinal, quem ainda não pode assistir a essa co-produção Argentina/Espanha, não deve deixar de assisti-la.

Ao sair da sala de cinema, eu pensava nos dois desfechos - do crime e da situação amorosa de Benjamin Espósito. Situações de muita angústia.

Como, por exemplo, esperar 25 anos para abrir o seu coração? Ótimo motivo para uma saudável discussão! Uma pessoa disse que aquilo era impossível na vida real. Eu, sinceramente, discordo.

A ex-chefe tentou seguir em frente a partir do momento que se casou e teve filhos. Mas não foi feliz. Poderia ter sido, mas não foi. Espósito se casou, mas também não foi feliz. E nem poderia. O filme nos mostra que ele achava lindo o amor do outro, do marido pela esposa assassinada, mas ele mesmo não era capaz de amar. Ele conseguiu "sair da bolha" 25 anos depois, mas conseguiu. Será que estou enganada ou podem existir pessoas que passam uma vida inteira "dentro da bolha"?

Elenco: Ricardo Darín, Soledad Villami, Guillermo Francella, Pablo Rago e Javier Godino.
Direção: Juan José Campanella
Argentina / Espanha - 2009
Curiosidade: teve um público em torno de 3 milhões de espectadores na Argentina, o que fez com que se tornasse o filme nacional mais visto desde 1983. Fonte: site Adoro Cinema.

2 comentários:

  1. existem. muitas. onde vc menos espera e de formas diferentes. nem sempre a bolha é só em relação ao amor. pense nisso.

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  2. Fi, cada ser humano é tão complexo! Por trás de cada um há uma história, uma bagagem repleta de sentimentos.
    Algumas pessoas se atiram com tanta facilidade num assunto e empacam em outros. Por que, né?
    Eu mencionei "o amor" por causa do filme, mas sei que é difícil sair da "zona de conforto". Alguns conseguem, alguns tentam e outros nem querem tentar de tão assustador. E isso vale para tudo, para a vida. Afinal, temos relações afetivas e profissionais.
    Ah, gosto tanto quando você escreve! Seja menos sucinto da próxima vez. Hehehe. Beijos.

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