sábado, 1 de maio de 2010

Mary e Max - Uma Amizade Diferente




Sou fã de carteirinha das animações. Sempre que possível, não perco o que é realizado pela Dreamworks e pela Pixar. As animações, diga-se de passagem, estão cada vez melhores!

Fui ao cinema para assistir a um filme e me deparei com o trailer de "Mary e Max - Uma Amizade Diferente", que prendeu a minha atenção pela história e principalmente por se tratar de um filme realizado com massinha de modelar. Pensei: "vou ver esse filme".

Dito e feito. Quando o filme começa, logo se entende porque a animação não tem cópias dubladas. Não é um filme infantil. E dá-lhe "saia justa". Havia vários pimpolhos acompanhados dos pais e fiquei imaginando em que "sinuca de bico" estes se encontravam. Crentes que estavam levando os filhos para uma alegre animação e não é bem isso o que encontraram.

O que esperar de um filme que narra a história de amizade entre Mary, uma menina de oito anos que mora em Melboune, Austrália e Max Horovitz, um homem de 44 anos que reside nos Estados Unidos, mais precisamente em Nova York. Curioso, né? E torna-se ainda mais quando sabemos que o filme é baseado numa história real (isso não é redundante?).


O que pode unir duas pessoas com características tão diferentes? A solidão. E o mais surpreendente: trata-se de uma amizade que dura cerca de 20 anos.

Mary é gordinha, adora chocolates, tem uma mancha no rosto (motivo de humilhações) e é sozinha. O pai tem como hobby a taxidermia e a mãe, excêntrica, vive em um mundo à parte graças ao consumo exagerado de cherry.

Max também é gordo, adora chocolates e é sozinho. Se tudo isso não fosse suficiente, ainda sofre da Síndrome de Asperger. http://www.amar-ela.com/sindrome-de-asperger.

Duas pessoas tão diferentes e tão iguais. Os temas apresentados não são nem um pouco infantis e eis a "saia justa" a qual me referi acima.

Sem dúvida alguma, o filme superou as minhas expectativas. Super indicado para todos, principalmente para as almas mais sensíveis.

Em vez de contar o filme, que não teria a menor graça, prefiro explanar sobre a solidão, um tema pra lá de atual.

A solidão é saudável e faz-se necessária quando preciso estar só. Consigo me ver melhor. Consigo pensar melhor. São momentos em que paro para refletir sobre quem eu sou e o que eu quero. Exercício fundamental para não perder de vista a minha identidade.

Mas a permanente solidão machuca, fere. Não ter com quem estar, em quem confiar e com quem confidenciar deve ser muito doloroso. Hoje, mais do que nunca, as pessoas vivem "olhando para os próprios umbigos", fecham-se com medo de sofrer, de serem decepcionadas. E esquecem que viver envolve riscos. Mas o medo é tenebroso por paralisar as pessoas.

O advanço da internet ainda propiciou um outro tipo de relacionamento: o virtual. As pessoas se protegem e ainda podem se passar por aquilo que, na realidade, não são. Hoje temos tantos sites de relacionamento, chats e afins, que certamente ajudam a aplacar a solidão, mas não a eliminá-la. Falsa ilusão.

Se sentir sozinho não é fácil, mas um tipo de solidão que incomoda absurdamente é quando se está cercado de pessoas. Por que nos sentimos miseravelmente sós? Estar com quaisquer pessoas, tomar "remedinhos da felicidade" (falsa felicidade, na verdade) e se esforçar para ser o que não é trazem ainda mais angústia, aumentando a sensação de solidão. A hora da verdade chega quando se coloca a cabeça sobre o travesseiro. Não tem pra onde correr. É você com você!

Fica a seguinte pergunta no ar: qual é o verdadeiro antídoto contra a solidão?

Vozes de Toni Collette, Philip Seymour Hoffman, Eric Bana, Bethany Whitmore e Barry Humphries.
Direção: Adam Elliot
Austrália/2009

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